domingo, 10 de abril de 2011

Post scriptum

Faltou eu analisar melhor minhas frases, calcular os gestos com mais exatidão, planejar os passos seguintes com mais inteligência.
Sobrou eu imaginar que morava em seu ser o mesmo inquilino meu: um sábio senhor de todos os bons sentimentos; que toca flauta pra gente dormir e diz frases profundas pra gente refletir. Sobrou olhar, pele, menos tempo.
Pra no 'fim', sobrar a falta.
Uso aspas porque o que houve não foi um fim, foi um silêncio. Não sei se um silêncio de dor, de medo, de orgulho, de preguiça...
Meu consolo é não ser proibida de escolher um desses silêncios pra ser a resposta que preciso; embora saiba que satisfazer minhas necessidades não me acalenta.
Me acalmaria ouvir que você chegou pra contar qualquer novidade, pra assistir qualquer coisa, qualquer dia desses. Ao mesmo tempo, chego à beira do desassossego quando penso que posso passar o mês inteiro esperando ouvir que você chegou. E de mês em mês lá se vai uma vida inteira...
E se chegasse, o sábio que hoje dorme, acordaria com seus conselhos e dengos.
Quem sabe eu não iria acertar?


Quer minha franqueza? Sinto como se houvesse morte. Não me julgue exagerada. Algo realmente  voltou ao pó e perdeu o fôlego. Sufocado até o último suspiro: assassinato. E não é linguagem abstrata.
Quem eu era quando tinha você por perto, morreu. Quem você se deixava ser quando estava comigo, não existe mais.
Funeral para dois.
Olho longamente pra esses corpos jovens e sem vida. Têm os rostos tão corados que tenho a impressão de que apenas dormem.
Se esse sono vai acabar ou não...




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