domingo, 25 de outubro de 2009

Nova parada

Como música quero que me ouça e absorva as ondas que emanam do sons deste arranjo de harmonias.
Mantenho uma certa distância, se isso lhe for necessário. Deixo espaço para que respire, coma e beba e até corra. Na verdade, te vigio só com o canto do olho esperando um aceno para então virar completamente o rosto em sua direção. Me aceite naquele intervalo parado no tempo; é um convite para que eu viva aquele instante com você... Percebe a seriedade da proposta? Compartilhar dos mesmos minutos, os mesmos irrecuperáveis e singulares minutos.
Se me pedir silêncio, sufoco meus gritos de desalento, os choros sem razão, escondo os cortes que me expõem os ossos. Para que durma tranquilo, sem perturbações... Para que eu possa acompanhá-lo ali, ao pé de[...]


Não posso continuar com isso de escrever tudo.
As palavras me roubam os sentimentos. Assim eu os perco e não estou em condições de perder o pouco que tenho.
Quando aprender a dominá-las (e a mim), volto e conto tudo. Só quando parar de atribuir tanta emoção à esse conjunto de letras.
Preciso parar.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Não me olhe assim

Tinha me prometido não recorrer às palavras tão descaradamente quanto o faço aqui mas... Não sou de cumprir promessas.

Age como um bicho.
Assustado. Alguém já lhe feriu a carne? Alguém de cabelos longos, feição delicada, de gestos singelos, enfim, uma mulher? Preparado para um ataque qualquer vindo de outro local indefinido, inexistente. Dá passos cautelosos como se houvesse uma mina de explosivos sob seus pés; armadilhas que lhe sequestrem o chão firme.
Selvagem. Mantinham-no preso em alguma espécie de jaula para almas confusas e famintas? Não duvido que esta tenha sido construída pelas mesmas mãos que me rasgam a pele, que exploram meu corpo descascado e indefeso. E por um acaso, essas mãos são as suas. Movimentos frenéticos, fôlego traiçoeiro; tanta sede e tanta fome de pele, de terra, de suor.
Ingênuo. Um pequeno afago já lhe alivia as expressões. Palavras açucaradas o seduzem e quase se esquece que tem motivos para não se render. Por outro lado, o sarcasmo e a ironia o machucam como facadas e golpes de arpões. Acredita que tenho o poder de enxergar os porões escuros e úmidos do seu íntimo se me demorar um pouco mais fitando os seus olhos.
Forte. Não se deixa adormecer sobre meu colo desnudo, moreno e quente. Caça seu próprio alimento, cose as próprias roupas e com os farrapos estanca o sangue de suas hemorragias intermitentes. Quando se permite algum prazer que o mantenha estável, me procura e eu o saciarei sempre. Mas mal chega, sai apressado, fugitivo, ágil e feroz.

Não sei nada dele nem das verdades/realidades condizentes às metáforas que utilizei à pouco. Não quero ser terapeuta nem ouvinte. Só quero ser abrigo. Um lugar seguro para onde ele possa fugir.
Fugir para mim e não de mim.