quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A ira dos anjos II

São Tomás de Aquino tinha dito que quando se atinge o ponto mais alto do pecado, tudo deixa de ter importância. Jennifer perguntava a si própria se o mesmo se passaria em relação ao amor. Tinha consciência de que aquilo que fizera fora, em parte, devido a uma profunda solidão.

Sidney Sheldon

A ira dos anjos

Jennifer olhou para Adam, concentrado no problema de palavras cruzadas e pensou: “Reza por mim." Sabia que estava a fazer uma coisa errada. Sabia que aquilo não podia durar para sempre. E, no entanto, nunca experimentara tanta felicidade, tanta euforia. Os apaixonados viviam num mundo especial, onde todos os sentimentos eram mais profundos, e a alegria que Jennifer sentia agora junto de Adam era digna de qualquer preço que ela tivesse de pagar mais tarde. E sabia que ia ter de o pagar.
[...]
Agora, o seu tempo era contado pelos minutos que podia passar com Adam. Pensava nele quando estava com ele, e pensava nele quando estava longe dele.
Jennifer estava dominada por emoções que até aí desconhecera existirem nela. Nunca imaginara que pudesse ser caseira, mas queria fazer tudo para Adam. Queria cozinhar para ele, limpar para ele, preparar-lhe a roupa de manhã. Tomar conta dele.
Ela ficava deitada ao lado dele, vendo-o adormecer, e tentava permanecer acordada o máximo de tempo possível, com medo de perder um único momento que fosse do tempo precioso que passavam juntos. Por fim, quando Jennifer já não conseguia manter os olhos abertos, aninhava-se nos braços de Adam e adormecia, satisfeita e confiante. A insônia que durante tanto tempo atormentara Jennifer tinha-se dissipado. Os demônios noturnos que a haviam torturado tinham desaparecido.
Quando se enroscava entre os braços de Adam, sentia-se imediatamente em paz.
Gostava de andar pelo apartamento com as camisas de Adam vestidas e, à noite, usava o casaco de pijama dele. Se ainda estava na cama quando ele saía, de manhã, Jennifer rebolava para o outro lado da cama. Amava o odor morno dele.
Parecia que todas as canções de amor que ouvia tinham sido escritas para Adam e para ela, e Jennifer pensava: “Noel Coward tinha razão. É surpreendente o modo como a música sem qualidade consegue ser poderosa."

[...]Desejava que aquilo que possuíam nunca acabasse. Mas sabia que havia de acabar.



Sidney Sheldon

Eu chorei lendo isso, juro!