domingo, 19 de março de 2017

Temendo o dia que vai chegar alguém que vai explorar minhas fraquezas.
Vai ver minhas inseguranças, meus vazios, e se aproveitar disso.
Vai acabar comigo de uma vez por todas, como nunca aconteceu antes.
Todas as outras vezes, eu escapei. Eu saí quase ilesa. Eu dei sorte.
Mas um dia o azar vem.
E eu estou no ápice da vulnerabilidade. Pra piorar, escrevendo e publicando tudo pro mundo ver. Pra quem quiser ou puder ver, conseguir entender.

Por mais de uma vez quis voltar a escrever. Por pra fora o que me angustia, ser minha amiga. Me contar meus próprios problemas e tentar achar uma solução. Mas desisti todas as vezes.
Percebi que usei a palavra "vez" mais que o necessário. Perdendo minhas habilidades de auto expressão. Antes, eu achava uma vantagem. Enterrar tudo e não mostrar.
Mas agora, tanto faz.
Quem vier, bem vindo. Quem se assustar, meu sinto muito.
Pare de desconfiar. Não quero te roubar de você. Quero se proteja, se esconda quando achar que deve, fuja quando sentir medo.
Mas não desconfie.
Até não faria esse pedido antes porque não sabia o quanto estava disposta a transformar minha natureza controladora, invasiva, egoísta. Hoje eu sei.
Renuncio mesmo sua presença para que você sinta o ar mais livre. Sua voz, pra não cansar a garganta. Suas explosões de hormônio e fluido, pra que não fique fraco.
Essa renúncia quer ser vista como prova suficiente para que não levante mais suspeitas contra mim.

Sobre a voz

Às vezes, quando eu abro a boca pra dizer alguma coisa, minha voz não sai. Fica estacionada atrás de um soluço misterioso, sem hora nem lugar. Pode ser que saia um grunhido inexpressivo; seria a dor audível?