segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Espero mudar de assunto no próximo...


Em um minuto abraçada com você eu posso tudo.
Só preciso de um minuto pra perceber que era de você que meus sonhos falavam noite após noite, sem dar descanso. Era um mistério sem fim, uma novela que nunca se desenrolava. Mas agora... agora eu tenho certeza porque, por um minuto, fui o corpo quente e emocionado que envolvia; fui seu amparo; sua companhia. Por meus mais ricos sessenta segundos, fui o centro das atenções dos seus ossos, seus músculos, sua mão machucada.
Imersa nas lavas que passeiam por minhas veias por te ter tão perto, sou capaz de prometer os absurdos: perdoar seus piores erros (os passados e os que virão) e nunca te lembrar deles e nunca usá-los para convencê-lo do que quer que seja. Ser sua somente; e de ninguém mais; nem no pensamento, nem na loucura, nem na embriaguez, nem no devaneio, nem na fantasia, nem na lembrança; tudo meu carregará seu nome e cheiro; tudo meu lhe pertenceria. Renunciar minha vontade quando o motivo for você; mudar de direção, de cidade, de planeta só pra te acompanhar. Comer só do que você achar que devo, quando devo, o que devo: se sua carne ou uma fruta; sou sua. Fugir deixando as roupas do corpo pra trás; encarar a estrada, a rua, o mundo. Cortar meus cabelos; deixá-los crescer até os pés: sou sua. Acordar antes do sol pra por a sua mesa; tirar a mesa depois de vermos a lua. Te acordar com um beijo ou mil; nenhum eu não aceito; são seus. Beber água ou vinho, sangrar sangue ou vinho, rasgar pele ou pão: sou sua. Tatuar o corpo, trocar a pele, misturar com a sua: sou sua. Dormir no escuro; com a lâmpada acesa; debaixo do sol; em cima do espinho. Ir embora à pé; de trem; de joelhos; de carona: sua. Ficar muda; ler mil páginas de um romance; inventar mil páginas de um romance. Velar tua insônia, viajar em seu sonho, esquecer o sono.
Fica. Eu fico quieta, não pergunto nada mas, fica. Se demore. Se deixa aqui um pouco. Deixa um pouco de você no meu ombro e colo. Não me responda, não me olhe, não explique. Mas me atenda quando eu ligar, diz que está ouvindo e que não vai desligar. Deixa eu contar minha história, do quanto de mim consegui construir sem você. O quanto de mim não é mais. 
Ah, se você soubesse falar sim! Se não impusesse tantas restrições! Se não nos proibisse. Então aceitaria o que não cessei de oferecer. Mas antes, uma promessa: não fique nem um segundo a mais depois que descobrir que não sou eu quem você mais deseja. Não precisa amar, se entregar, se render. Apenas me queira, como se não existisse nenhuma outra de mim. Porque estou convencida de que não existe nenhum outro de você; nem de parte de você; nem de relance.
Em um minuto seguido de um sim, eu mudaria minha feição: um sorriso leve me acompanharia até o meu fim. Uma batida bem “samba” tocaria dentro. Eu veria o sol todas as vezes que o céu nublasse. Rouxinóis cantariam em meus ouvidos em plena floresta de pedra. O vento faria cócegas no meio de um furacão, ou num vale fundo. A folha teria gosto de morango, e o café ralo, de chocolate. O chão seria macio, o cair, gracioso.
Se algo do que eu dissesse te mudasse de ideia... precisariam inventar uma nova língua porque eu esgotaria todos os dicionários.

Ai, se você ficasse, querendo.

Ai

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O contrário de tudo que já quis e fui.

A música no fone de ouvido antes de dormir não é para dar prazer aos sentidos: cala o pensamento. Este que anda tão inquieto à procura de respostas que nunca vai achar porque estão na posse de um outro que não eu. Então invento. Digo que escrevi a música e a próxima da playlist é sua, dedicada a mim. Não importa o que os cantores digam. Se são palavras duras e revoltadas ou doces e meigas. Porque eu só preciso que digam algo e não me deixem nesse silêncio assustador. 
Olha, sou só eu ocupando esse espaço tão grande.... por que não dois? Por que não nós? É só minha voz que conversa comigo; por que não a sua?
Está cada vez mais difícil dizer algo "do fundo do coração". Ele é buraco negro sem fundo sem chão sem pelúcia vermelha sem.
É isso mesmo: tem sido um cotidiano de subtrações. E isso não é eufemismo para furtos. Nada me foi roubado, como os mais acostumados com meu drama e extremismos poderiam supor. Aquele dito sobre o que é seu volta, me convence. Só não me alegra. E por um detalhe: nada tenho.
A não ser um corpo abandonado, ideias que não lhe interessariam, e um futuro flexível... até demais. Isso de poder ser tudo e nada às vezes me paralisa. Mas a gente segue, querendo ou não, sabendo ou não porque é assim que é.
Minto: não fui de todo subtraída. Ganhei uns quilos, umas dores de cabeça, uns sonhos estranhos. Nada que me atrapalhe, juro. Minha única preocupação é quanto a essa vontade louca de ir pro último dia do ano e nunca ter sabido seu nome. Muito menos seu endereço. Menos ainda você narrando suas histórias; menos chuvas, menos mãos, menos sol, menos comida, menos madrugada, menos filmes, menos sala, menos. Menos.
Estranho isso de querer reduzir, quem antes só queria saber de chegar.