terça-feira, 21 de agosto de 2007

Hey Jude, don't be afraid.

“A definição de belo é fácil: é aquilo que desespera.”
Paul Valery

É desse desespero que falo.
O desespero de ver tantos seres e coisas lindas, ideais de felicidade inatingiveis, porém existentes em qualquer lugar guardado dos nossos olhos.
E ao mesmo tempo, o desespero de ver o que ninguém se dá ao trabalho de esconder: o fome que é feia, a dor que desfigura, a agonia.
Então me vejo entre esses dois pólos, talvez por ser uma cidadã privilegiada por ter tanto contato com as duas vertentes. Talvez por ser vítima da cilada da indiferença afinal, por quê me importaria?
Se John Lennon disse à Jude pra não carregar o mundo nas suas costas se começasse a doer, por que diabos eu não posso seguir com minha vidinha besta, meu Deus, de estudar, ter 'amigos', ter crise existencial, passar no vestibular e simplesmente não me matar? Já não está bom? Não é bom viver na média?
Então por que o incômodo causado por algum cisco de covardia?
Procuro o conceito da beleza, as respostas às inquietações, quero saber como atingir a felicidade e como fazer os outros entenderem que isso é simples. Porque deve ser simples, não é? Geralmente a gente quebra muito a cabeça tentando resolver coisas simples. E depois de desesperar, assim que nem eu hoje mais cedo, suspirar e dizer 'Ah, por que não pensei nisso desde o início?'.
Deve ser simples viver... na média.
Mas eu ainda preciso dos conceitos, preciso tirar 8 e preciso de outros olhos pra contemplar a imagem do meu espelho de um modo menos duro.

"A beleza já não é mais uma essência, uma característica objetiva, ou uma relação. Sua fundação está na resposta de nossos sentimentos, emoções, ou em nossas mentes.
[...]a beleza não é uma qualidade das coisas por si mesmas. Ela existe meramente na mente que as contempla, e cada mente percebe uma diferente beleza”.
Herbert Dieckmann

Traduzindo, a beleza está nos olhos de quem vê.

sábado, 18 de agosto de 2007

H. B.

Caminha pela casa depois de se assustar com a claridade que vem da janela. É manhã, mas é tarde.
Abre todas as janelas que ficam mais perto do sol. Ilumina.
Senta em um canto: nem claro, nem escuro; pra se esconder do mundo, pra lamentar as dez horas perdidas de um novo dia (eram 10:00 da manhã).
Deixa a vida entrar pelos pulmões. Respira o único e poderoso sopro do Criador nas narinas do boneco de barro.
Celebra ela e seus órgãos vitais, saudáveis, dançantes, incansáveis na função de lhe manter viva. Viva. Viva: como que tivesse escapado da morte certa. Ressucitado.
Escuta com carinho a primeira voz anciã que escuta no dia. Vem do telefone antes, mudo.
E vem a tia, e vão vir os pais, as irmãs, os parentes, os conhecidos, os amigos, mas não os vizinhos.
Os vizinhos não sabem o que aconteceu aqui hoje. Eles nem sabem seu nome. Não sabem se você é bicho, ou se é gente. Se ficou pra sempre feito barro ou se virou moça. Mas eles não tem que saber.
Ninguém vai saber o que aconteceu naquele sonho. Nem que foi o primeiro sonho juvenil vindo não sei de onde, nem a que propósito. (Isso partindo do pincípio existente ou não, de que sonhos tem propósitos e que vêm de alguma outra dimensão).
Um céu, um muro, um telhado, um degrau. Tudo está no seu devido lugar. É um dia comum, mas lindo. Dia de esquecer tudo que veio depois dos seus escondidos tempos de criança, e usufruir dos dias que hão de vir lhe visitar com um feiche de luz ou com pingos d'água. E talvez o vento grite em alguma meia noite de lua cheia.
Não importa, que venham os dias!.
Mas me faça um favor, só me faça o favor de estar viva.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Uma coisa

O mal da maioria é que a maioria sonha baixo.
Querem ter sucesso, querem ter uma família, querem curtir a vida, ganhar dinheiro, ter uma casa, comprar um carro, comer caviar.
Ah, faça-me o favor, voe mais alto.
Seja lembrado pelos atos e não pelas promessas,
pelas mudanças e não pelo diploma.
Seja humano, porque de ser humano, alguns só tem a raça.

'O que eu tenho pra dizer não faz diferença não,
Quando aborto é consequencia natural de ser mulher.
Cujo último centavo usou pra comprar loló.'

Por isso que meu blog agora parece tão sem sentido.
Tá certo que vou continuar falando de mim.
Mas quanto ao mundo, meus amigos,
Que eu lhe dê mais algumas horas.

domingo, 5 de agosto de 2007

up, up

The Cranberries - Livre Para Decidir

Nada vale mais do que isso de maneira nenhuma, eu viverei como eu escolhi ou eu não viverei de maneira nenhuma

Então retorne para de onde você veio, retorne para onde você mora
porque aborrecimento não é o meu forte, mas você o faz muito bem
eu sou livre para decidir, e eu não sou tão suicida apesar de tudo, não mesmo.
Você não deve ter mais nada o que fazer com seu tempo.
Há uma guerra na Rússia e em Sarajevo também
Então pro inferno com querer seu pensamento, e pro inferno com sua visão pequena.
Você é tão distraído quanto à realidade, você deveria deixar sua vida pra trás
eu sou livre para decidir, e eu não sou tão suicida apesar de tudo, não mesmo.



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crescer e fazer da minha vida algo de grande.

eu não preciso de muito mais que oxigênio.