sexta-feira, 3 de julho de 2009

Notas

Meus começos já sabem seu destino final. A história se repetirá porque estou presa junto aos meus começos dentro de um círculo em movimento. Penso que sou o ponteiro dos segundos: aqueles que parecem avançar mas não importam. Em relação ao dia, um segundo não é nada. A vida é vários dias e eu, alguns segundos. Estou no pulso de alguém que não me nota. E se notasse, continuaria me aprisionando à fácil tarefa de não significar nada? Ainda me restam escolhas, entretanto: posso morrer e parar só para ser um obstáculo ao tempo (um ato de rebeldia) ou posso aceitar passiva e silenciosamente meus atributos de segundo: Medir seus pulsos vitais, verificar se está doente. Será útil. Trairei-me então aceitando a morte rápida e ineficaz que vem sempre roubar e devolver logo em seguida, todo alimento do meu cérebro. Não é só ao pulso que estou presa. Prendo-me aos objetos, às vontades mais passageiras, estou presa à este texto e à briga que tive no telefone.
Quero ser leito de rio, pra que a água escorra e corra de mim. Aí eu iria aprender a não agarrar-me tanto. Eu também mudaria. Ah! como odeio futuros de um pretérito!
"Você é o que você quer ser".
Isso me arrasa.