terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Irreversível

É indizível, tá bem?!
Esse mal estar, essa culpa, esse arrependimento todo. Embora essa seja a situação ideal para traduzir tudo em palavras, eu não consigo. Vim aqui querendo muito.
Posso dizer uma coisa: é como se eu estivesse diante de um jarro caro e exótico, difícil de se achar e, então, por descuido, o quebrasse, provocasse um arranhão, que seja. Não é mais o mesmo jarro; pra qualquer outro que olhe talvez seja; até a própria percepção que o jarro tem de si pode ser a mesma. O fato é que ele está arranhado e eu não tenho meios de consertar. Já consertei outros antes, mas esse era único.
Não posso olhar para aquela pontinha quebrada: eu choro. E não é silencioso; é doído, é incompreensível, afinal, que tenho eu com o pobre jarro?
É que não solto o pedaço que ficou comigo. Mesmo que entre na minha carne, não solto e não entendo.
Só dói. Não há muito que dizer além disso.

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