terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mergulho

E eu fiquei de todas as cores, a todas distâncias possíveis do chão (inclusive dentro dele).
E eu pulsei em todas as frequências. As grandes artérias esmurram meu pescoço, pulsos, vísceras; se debatem. O rosto ferve, o suor borbulha na minha superfície. Os músculos congelam.
É assim que é estar de cara limpa e corpo presente no meio do mundo. De frente pro mundo e seus absurdos e suas concretudes, suas pessoas.
Por algumas horas estive sem capa, cobertor, teto de gesso, paredes e portas para me abraçarem. Estive lá fóra.
Fato que pode ter me mudado em alguma medida. Fato que poderia me forçar para dentro de mim mais ainda.
Penso em não ir, embora não saiba onde exatamente ficar. Depois que chegar da rua, da aventura, do dever... onde recostar?
Não quero travesseiros cheios de penas de gansos mágicos ou algodão doce enfeitiçado nem folhas de uma floresta encantada.
Acho que hoje eu vou dormir sem travesseiro.

2 comentários:

  1. "Penso em não ir, embora não saiba onde exatamente ficar. Depois que chegar da rua, da aventura, do dever... onde recostar?"

    penso nisso com determinada frequencia.
    #adorei

    luanauende

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  2. não lembrava disso..

    =]

    achei lindo de novo..

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