sábado, 18 de agosto de 2007

H. B.

Caminha pela casa depois de se assustar com a claridade que vem da janela. É manhã, mas é tarde.
Abre todas as janelas que ficam mais perto do sol. Ilumina.
Senta em um canto: nem claro, nem escuro; pra se esconder do mundo, pra lamentar as dez horas perdidas de um novo dia (eram 10:00 da manhã).
Deixa a vida entrar pelos pulmões. Respira o único e poderoso sopro do Criador nas narinas do boneco de barro.
Celebra ela e seus órgãos vitais, saudáveis, dançantes, incansáveis na função de lhe manter viva. Viva. Viva: como que tivesse escapado da morte certa. Ressucitado.
Escuta com carinho a primeira voz anciã que escuta no dia. Vem do telefone antes, mudo.
E vem a tia, e vão vir os pais, as irmãs, os parentes, os conhecidos, os amigos, mas não os vizinhos.
Os vizinhos não sabem o que aconteceu aqui hoje. Eles nem sabem seu nome. Não sabem se você é bicho, ou se é gente. Se ficou pra sempre feito barro ou se virou moça. Mas eles não tem que saber.
Ninguém vai saber o que aconteceu naquele sonho. Nem que foi o primeiro sonho juvenil vindo não sei de onde, nem a que propósito. (Isso partindo do pincípio existente ou não, de que sonhos tem propósitos e que vêm de alguma outra dimensão).
Um céu, um muro, um telhado, um degrau. Tudo está no seu devido lugar. É um dia comum, mas lindo. Dia de esquecer tudo que veio depois dos seus escondidos tempos de criança, e usufruir dos dias que hão de vir lhe visitar com um feiche de luz ou com pingos d'água. E talvez o vento grite em alguma meia noite de lua cheia.
Não importa, que venham os dias!.
Mas me faça um favor, só me faça o favor de estar viva.

3 comentários:

  1. Nossa, um sonho juvenil?
    muitissimo bem escrito como sempre.
    ;) :*

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  2. mt bom o txt!
    excelente palavras!
    beijos!
    boa semana!

    *tem telha nova,no telhado!

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  3. sua vida é importante.
    -----------------------

    o que é H. B.?






    x*
    volta a visitar meu blog...?

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