segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Casas

Você deve rir-se da situação de quem, como eu, vive partido. Um duelo sem fim entre bem e mal: dores de cabeça. Você está livre, encontrou um meio-termo e está muito bem, obrigado. Nenhum peso nos ombros, nenhuma fraqueza inexplicável, nenhum desejo que te coma.
Resta-me esperar pelo último dia de nossas vidas, ou da sua, ou da minha. Em casos extremos a verdade aparece; a mentira não aprendeu a ficar de pé, só rasteja.
E se você ficar pra sempre aí? Pra sempre pensando estar certo, ou "_não existe isso de certo!", você diria.
Diria também que isso de 'pra sempre' não existe, tudo pode mudar a qualquer momento por qualquer motivo. Basta sair de casa.
Você saiu de casa. Não quer voltar. Lá não funciona pra você. Aliás, seu lá é meu cá hoje em dia. O que deu errado? Por que não funciona mais? Como você vive longe? Como você pôde adotar outra casa? Por que?
E uma angústia louca por não entender, por que estou angustiada?
Não sou sua mãe nem sua amiga de infância que te viram ir embóra, se afastando, um passo de cada vez. Elas que talvez doam por você não estar mais.
Quando não se sabe como agir, chora. Coisa de mulher. Mulher como eu, não todas. Existem as de fibra, as guerreiras. Mas eu desconheço o inimigo, não sou boa estrategista; sou de pó.
Tem tanta coisa colorida aí fóra, não é? Tantas luzes, tantos sons... Deve ser isso o que te fascina. Ou será a liberdade para sentir ventos de qualquer lugar no rosto, conhecer corpos e rostos diferentes, rir descontroladamente sob o efeito de alguma mágica...


É como se fosse uma missão; trazê-lo de volta.
Mas você não quer vir...


Choro.

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