A música no fone de ouvido antes de dormir não é para dar prazer aos sentidos: cala o pensamento. Este que anda tão inquieto à procura de respostas que nunca vai achar porque estão na posse de um outro que não eu. Então invento. Digo que escrevi a música e a próxima da playlist é sua, dedicada a mim. Não importa o que os cantores digam. Se são palavras duras e revoltadas ou doces e meigas. Porque eu só preciso que digam algo e não me deixem nesse silêncio assustador.
Olha, sou só eu ocupando esse espaço tão grande.... por que não dois? Por que não nós? É só minha voz que conversa comigo; por que não a sua?
Está cada vez mais difícil dizer algo "do fundo do coração". Ele é buraco negro sem fundo sem chão sem pelúcia vermelha sem.
É isso mesmo: tem sido um cotidiano de subtrações. E isso não é eufemismo para furtos. Nada me foi roubado, como os mais acostumados com meu drama e extremismos poderiam supor. Aquele dito sobre o que é seu volta, me convence. Só não me alegra. E por um detalhe: nada tenho.
A não ser um corpo abandonado, ideias que não lhe interessariam, e um futuro flexível... até demais. Isso de poder ser tudo e nada às vezes me paralisa. Mas a gente segue, querendo ou não, sabendo ou não porque é assim que é.
Minto: não fui de todo subtraída. Ganhei uns quilos, umas dores de cabeça, uns sonhos estranhos. Nada que me atrapalhe, juro. Minha única preocupação é quanto a essa vontade louca de ir pro último dia do ano e nunca ter sabido seu nome. Muito menos seu endereço. Menos ainda você narrando suas histórias; menos chuvas, menos mãos, menos sol, menos comida, menos madrugada, menos filmes, menos sala, menos. Menos.
Estranho isso de querer reduzir, quem antes só queria saber de chegar.
De vez em quando o silêncio faz bem, experimente ouví-lo um minutinho ou dois. Se você deixar ele não para de falar nunca mais.
ResponderExcluirNo mais, gosto de como encaixa as letras.