é como se desde aquele dia eu andasse com um dos cadarços desamarrado.
não sabendo onde começa nem onde termina o texto.
mas, caso você não tenha notado, só tinha uma estrela no céu hoje.
pra mim, mais parecia que ela era a única do universo. e por isso, não sei lhe dizer como (já que não haviam nuvens), a natureza realizou o milagre de um pranto infundado. breve, mas sentido.
É, mesmo sem nuvens, o céu chorou. Logo, não era produto da condensação das águas do Oceano Atlântico. Eram lágrimas de verdade aquelas que o pára-brisa do coletivo jogava, sem pena, de um lado para o outro.
Não interessa se hoje é sexta ou se estamos em plena segunda-feira.
Eu, inerte em um espaço que não possui cometas, nem estrelas, nem plutões...
Consegue ouvir? Se não entende, é porque as gotas falam a língua do adeus, e vivem se despedindo: se despedem do céu, e quando vêm o Sol, se despedem da terra.
Séria bom ser assim, independente, desprendida, sem permitir que os 'adeuses' interferissem na minha função de refrescar os ombros quentes e cansados, regar as sementes mudas e as tagarelas. Ser resignada e paciente ao esperar minha vez de molhar seu telhado, limpar seu quintal, regar seu caqueiro, umedecer suas roupas que esperam o sol no varal, borrar o endereço das cartas que esperam por alguém, um dia. Enquanto minha vez não chega, vou caindo e me deixando cair ruidosamente nessa terra de ninguém.
Sou gota de luz, gota de orvalho.
Me desfaço e evaporo da vida de quem achar que é melhor assim.
Só molho quem gosta de banho de chuva, quem seca de desejo.
Molho a garganta de quem arde, embeba os panos comigo ainda quente e põe na testa pra ver se a febre passa. Pra ver se melhora. Então, eu sou remédio.
Repita seus erros, e no final do dia, vá se deitar pra esquecer que não é chuva nem remédio.
"Só não esqueça de amarrar esses cadarços logo", disse alguém.
Mas é só uma voz balbuciando qualquer coisa. Não pode ser comigo:
eu vivo de pés no chão, agora.
sem comentários!
ResponderExcluirmó bunito.
x*
vc sempre deixa todos sem palavras.. e sempre vê além..e só nos faz enxergar através das suas..
ResponderExcluir*:
perfeito...
ResponderExcluirto sem palavras.
apenas viajando nas suas palavras.
parabéns!
boa semana ;)
dá uma passadinha lá no circo.. vc vai gostar da apresentação.
ResponderExcluir*:
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMe fez lembrar uma música da Adriana Calcanhotto, eu acho...
ResponderExcluir"Eu gosto dos que têm fome
e morrem de vontade
dos que secam de desejo
dos que ardem"
Tá colossal esse texto...
Palmas!!!
Beijo gigante
nu!
ResponderExcluirmeio sem palavras também!
cadarços amarrados ou não, seus texto sempre são demais.
ResponderExcluire nesse "diagrama das mudanças de fases" tudo é relativo...
nada ver mas...
;*
Sem palavras !
ResponderExcluirMagnifico *-*
:*