Seu vestido de festa deve ter sido arrancado enquanto ela estava sentada porque parte do seu corpo está coberto, parte não. Pálida moça, o que será que a inquieta tanto? Sua silhueta é tão confusa quanto uma imagem mergulhada na água, seus cabelos estranhamente quase dançam como se dança na água.
E tem um homem no quarto. A sombra que cobre seu rosto torna impossível reconhece-lo. Permanece em posição fetal, com os braços abraçando as pernas, como que para se proteger. O corpo está sobre um móvel podre, sua cabeça ameaça pesar para dentro do espaço entre seus joelhos e seu queixo.
A moça parece tentar falar qualquer frase impronunciável. Do modo como está sentada, sua visão deve alcançar o vulto do homem atrás dela, mas não parece assustada.
O quarto é úmido, mas sufocante, a única janela está fechada, é como se não houvesse porta... Nem ar. Vestígios de luz entram através dos espaços entre as partículas do vidro da janela e criam uma penumbra secular.
Os músculos desses dois seres foram paralisados por um pincel, a parede sustenta seus corpos, e é como se tivessem deixado de respirar no momento em que se encaixaram nela.