terça-feira, 23 de agosto de 2011

O contrário de tudo que já quis e fui.

A música no fone de ouvido antes de dormir não é para dar prazer aos sentidos: cala o pensamento. Este que anda tão inquieto à procura de respostas que nunca vai achar porque estão na posse de um outro que não eu. Então invento. Digo que escrevi a música e a próxima da playlist é sua, dedicada a mim. Não importa o que os cantores digam. Se são palavras duras e revoltadas ou doces e meigas. Porque eu só preciso que digam algo e não me deixem nesse silêncio assustador. 
Olha, sou só eu ocupando esse espaço tão grande.... por que não dois? Por que não nós? É só minha voz que conversa comigo; por que não a sua?
Está cada vez mais difícil dizer algo "do fundo do coração". Ele é buraco negro sem fundo sem chão sem pelúcia vermelha sem.
É isso mesmo: tem sido um cotidiano de subtrações. E isso não é eufemismo para furtos. Nada me foi roubado, como os mais acostumados com meu drama e extremismos poderiam supor. Aquele dito sobre o que é seu volta, me convence. Só não me alegra. E por um detalhe: nada tenho.
A não ser um corpo abandonado, ideias que não lhe interessariam, e um futuro flexível... até demais. Isso de poder ser tudo e nada às vezes me paralisa. Mas a gente segue, querendo ou não, sabendo ou não porque é assim que é.
Minto: não fui de todo subtraída. Ganhei uns quilos, umas dores de cabeça, uns sonhos estranhos. Nada que me atrapalhe, juro. Minha única preocupação é quanto a essa vontade louca de ir pro último dia do ano e nunca ter sabido seu nome. Muito menos seu endereço. Menos ainda você narrando suas histórias; menos chuvas, menos mãos, menos sol, menos comida, menos madrugada, menos filmes, menos sala, menos. Menos.
Estranho isso de querer reduzir, quem antes só queria saber de chegar.

Um comentário:

  1. De vez em quando o silêncio faz bem, experimente ouví-lo um minutinho ou dois. Se você deixar ele não para de falar nunca mais.


    No mais, gosto de como encaixa as letras.

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